domingo, 8 de fevereiro de 2015

academia

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Sabe-se que o poeta de Saturno desconhece o verso, mas não rejeita o título. Não vive nas nuvens, como os nossos: habita os maravilhosos anéis, isto porque o planeta é uma imensa bola de gás cujo núcleo, talvez rochoso, é selvagem demais até para as aventuras. Pouco sabe dos dias de sol e brisa fresca. Tal fato, todavia, não o impede de inventar tardes de calor em frente ao mar. Há mar em Saturno. São lodosos não obstante macios, e adequam-se perfeitamente às caminhadas noturnas e diurnas. O poeta de Saturno pratica caminhadas diárias como parte de seu processo criativo, o que é uma possível explicação, sugerem alguns críticos, para o tom prosaico de sua obra. Seus topoi mais expressivos são a terra como metáfora da vida; a dificuldade de criar raízes em lugares inóspitos; a festa como possibilidade de reinvenção de seu próprio mundo; e pássaros (ou suas asas, em explícito processo metonímico), símbolo não de liberdade, senão da tradução do ensejo do eu-poemático. É recorrente, ainda, a cor vermelha, associada a diferentes signos, mas possivelmente um reforço ao topos da terra.

A presente edição traduzida do original (...)

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