sábado, 19 de setembro de 2015

textos voantes

(algo como uma prece pros próximos anos)

Tomo longos goles do líquido escuro que brota do meu peito. Deixo-os escorrer da camisa branca à folha amarelada. Não sempre mas deste contato tão prosaico sai, par em par, umas asas coloridas. Borboletas, eu sei. E rio feliz porque aprendi: onde há borboletas há também nascentes.

***

Da memória sexagenária aos futuros planos abortados, tudo no aqui-dentro - quero costurar umas asas bem bonitas. Fazer voar as dores, deixar o amor conhecer a estratosfera. Assim: no espalho quem sabe eu me acho. E encontre quem me junte.

***

Dizem: a poesia é livre.
Mas o poema é ave em cativeiro.
(são os únicos - os únicos - pássaros que gostam de gaiolas).

***

Melancólico é o coração-árvore com desejo de asas
ave-
    -nturas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Concreto para um coração (ser de) cimento

(mudo diálogo com a poesia de ni brisant)

amor taça
amortece
amor desse
amordaça
amor desce
a morder-se
amar tece
amor tecido
amor dura?
[armadura]