sábado, 17 de agosto de 2013

Decreto

Minhas lembranças são aves. A haver inundação é de céu, repleção de nuvem. Vos guio por essa nuvem, minha lembrança.
(Mia Couto)


Decreta-se que, a partir de hoje, no céu da memória sempre haverá branca nuvem, solitária e felpuda, a mancar por toda a abóboda, aliviando no seu coxear a ressaca de cada Santos que porventura embriague-se de saudade.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Higgs

(ao Mais-Novo, irmão-poeta que tanto me ensina, mesmo sem saber)

Quando o jogo acaba. Cartas: 21. Vitória. Derrota.
Quando escrever já não resolve (amigos engordam o corpo que insiste em esvaziar-se. Evadir-se.).
Quando apenas o eco áspero ecoa na casa vazia. Nós, o vazio.
Quando nem mais formas: as lembranças, volumosas, migram para o norte.
Quando nem resquício de terra, relva, grama, gramas.
Quando só resta o que não tem nome. O que despregou-se do Caos, do Eros primordial.
Quando não resta mais: nem não nem nada, nem o fim, enfim.

Eu, duplo, vazio em dobro.
Eu, todo sul, permaneço.
Imóvel. Intocável. Uma partícula,

apenas.

domingo, 11 de agosto de 2013

Apropriação Indébita 2 ou brincando com os grandes

Quando Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, viu-se metamorfoseado em um monstruoso inseto. E eu, eu era a sua sombra, sonâmbula e informe como as sombras são.

domingo, 4 de agosto de 2013

Irreversível

Hoje, dia que encerra em si outros dias, pesa sobre mim um quê inexorável, uma frase, um espinho: