terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sobre a Rede Social, de David Fincher

Corri para fazer meu facebook antes que A rede social (The social network) estreasse por nossas terras. Para não ser chamado de paga-pau. O filme causava burburinho na crítica mundo afora e, como cinéfilo que sou, além de um pseudonerd fracassado, não podia deixar de conferi-lo. Fui ao cinema, conferi.

Minha primeira impressão? Sem reação, opinião. Fui para casa, pensando no que havia de bom ou de ruim no filme do Fincher. Lembrei do Curioso caso de Benjamin Button e do quanto eu não conseguia defini-lo, assim como A rede. Contudo, o Benjamin eu sabia que não havia gostado: achei-o muito técnico, frio até, muito moldado para o Oscar. A rede, ao que parece, também é assim; no entanto, a frieza e apuro técnico com que é conduzido assentam bem à história que é contada.

O longo processo de reflexão em que o filme me atirou me fez gostar da obra. Alguns aspectos em especial: a montagem, a trilha e a atuação de Jesse Einsemberg. Ainda que emoldurado para o prêmio mais cobiçado da indústria do cinema, o filme de Fincher consegue fugir um pouco ao esquema habitual hollywoodiano. Coisa difícil nestes tempos de massificação.

(continua...)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A noite continuava a avançar, interminável, sobre o seu destino. Sabia estar sozinho: a ambiguidade da frase, ainda que intencionalmente impensada, cabia bem ao momento.
À frente, apenas uma esperança singela: o fim do período das grandes palavras.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tema Romântico ou Tempestade e Ímpeto

,e era um vento frio, assim, da noite. Ele andava, as múltiplas sombras projetavam-se ora para frente, ora para trás de si. A gola do casaco de lã cobria todo o pescoço, as mãos iam escondidas no bolso da calça. A ladeira, íngreme, não oferecia dificuldades a quem descia.

Houvesse outros tantos caminhantes, como ele, não saberia dizer. Os olhos, postos para dentro, percorriam a árdua estrada em busca de uma estrela. Subiam cada vez mais, e além, numa solidão de gritos surdos.

Sentia os pés adormecidos por conta do frio e da meia rala que vestia. As luzes amarelas apagavam-se súbito sobre sua cabeça para, em seguida, acenderem lentamente, enquanto descia a ladeira num vagar de nuvens em céu claro.

O penoso buscar, a difícil tarefa de subir, o grito lancinante da escura rota vertiam lágrimas aos olhos. Fechavam-se as pálpebras, um cansaço titânico pesava-lhes. Sem asas, os olhos subiam, lavados, mas nada a avistar. A estrela, onde estaria?

Tentou esquentar as orelhas; as mãos cederam calor à face gelada, ao nariz que insistia em escorrer. Os dedos aprisionavam o ar quente soprado pela boca; em seguida distribuía-o novamente, acalentando o rosto.

Os olhos, cada vez mais, erguiam-se em franca dificuldade. Ganhavam peso, perdiam direção, mas subiam; um céu turvo desenhava-se à frente, sem estrela, sem referência. Um vazio inominável, sem fim?, espalhava-se. Limpos, os olhos já não tinham o que chorar.

Ele, enquanto descia, cantarolava uma canção, muitas palavras, nada suficiente. Rápidos, os olhos moviam-se em busca de um ponto de fuga, uma estrela talvez. O céu límpido de inverno escondia algo. Tudo era um mistério, um sonho, uma ilusão. De concreto, só o vento frio que soprava,

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Devorar de Cronos

Haveria muito a dizer. Mas o céu brilha, as nuvens passeiam por nossas ideias, o sol frita algumas considerações, os trabalhos querem atenção, as aulas pedem conselho e o coração cala diante de tantos gritos surdos. O tempo, indiferente, mastiga a angústia, rasga-lhe com dentes de de titã, alimenta-se do eterno espaço entre o dito e o imaginado.

As palavras já nascem velhas. Nascem para morrer. Isto porque cresceram no mundo das formas ideais e, quando chegam à vida, não sabem respirar. As palavras, coitadas, morrem de realidade.

Haveria muito a dizer. Mas o céu cobre-se com seu manto negro, as nuvens precipitam-se no vazio, os trabalhos choram a presença, as aulas desejam soluções. O coração finge que dorme para não ouvir os clamores. O tempo, o tempo continua insaciável.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Para desestabilizar um pouco a lógica aparente do mundo ocidental...


http://www.youtube.com/watch?v=wuH7vDrAHBE

quinta-feira, 6 de maio de 2010

retorno

Estas terras estavam abandonadas. Larguei-as. Mas agora voltei e preciso "debulhar o trigo", "decepar a cana" e "afagar a terra". Com calma, paciência...

"Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor" M. Camelo