quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tema Romântico ou Tempestade e Ímpeto

,e era um vento frio, assim, da noite. Ele andava, as múltiplas sombras projetavam-se ora para frente, ora para trás de si. A gola do casaco de lã cobria todo o pescoço, as mãos iam escondidas no bolso da calça. A ladeira, íngreme, não oferecia dificuldades a quem descia.

Houvesse outros tantos caminhantes, como ele, não saberia dizer. Os olhos, postos para dentro, percorriam a árdua estrada em busca de uma estrela. Subiam cada vez mais, e além, numa solidão de gritos surdos.

Sentia os pés adormecidos por conta do frio e da meia rala que vestia. As luzes amarelas apagavam-se súbito sobre sua cabeça para, em seguida, acenderem lentamente, enquanto descia a ladeira num vagar de nuvens em céu claro.

O penoso buscar, a difícil tarefa de subir, o grito lancinante da escura rota vertiam lágrimas aos olhos. Fechavam-se as pálpebras, um cansaço titânico pesava-lhes. Sem asas, os olhos subiam, lavados, mas nada a avistar. A estrela, onde estaria?

Tentou esquentar as orelhas; as mãos cederam calor à face gelada, ao nariz que insistia em escorrer. Os dedos aprisionavam o ar quente soprado pela boca; em seguida distribuía-o novamente, acalentando o rosto.

Os olhos, cada vez mais, erguiam-se em franca dificuldade. Ganhavam peso, perdiam direção, mas subiam; um céu turvo desenhava-se à frente, sem estrela, sem referência. Um vazio inominável, sem fim?, espalhava-se. Limpos, os olhos já não tinham o que chorar.

Ele, enquanto descia, cantarolava uma canção, muitas palavras, nada suficiente. Rápidos, os olhos moviam-se em busca de um ponto de fuga, uma estrela talvez. O céu límpido de inverno escondia algo. Tudo era um mistério, um sonho, uma ilusão. De concreto, só o vento frio que soprava,

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Devorar de Cronos

Haveria muito a dizer. Mas o céu brilha, as nuvens passeiam por nossas ideias, o sol frita algumas considerações, os trabalhos querem atenção, as aulas pedem conselho e o coração cala diante de tantos gritos surdos. O tempo, indiferente, mastiga a angústia, rasga-lhe com dentes de de titã, alimenta-se do eterno espaço entre o dito e o imaginado.

As palavras já nascem velhas. Nascem para morrer. Isto porque cresceram no mundo das formas ideais e, quando chegam à vida, não sabem respirar. As palavras, coitadas, morrem de realidade.

Haveria muito a dizer. Mas o céu cobre-se com seu manto negro, as nuvens precipitam-se no vazio, os trabalhos choram a presença, as aulas desejam soluções. O coração finge que dorme para não ouvir os clamores. O tempo, o tempo continua insaciável.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Para desestabilizar um pouco a lógica aparente do mundo ocidental...


http://www.youtube.com/watch?v=wuH7vDrAHBE