quinta-feira, 13 de março de 2014

Enquanto vejo Medianeras pela terceira vez

(para o Rafa, o Ni e a Rose. a Luca e a Angélique. o Thi. e Ela )

É sobre mim.
É sobre quem sempre fui.
Não é sobre alguém.

Hoje vou crer no amor. Crença pura e simples. Sem teorias, academicismos ou reflexões demoradas. Sem pedantismos. Sem angustiar-me por não estar descrevendo as mazelas do mundo que me rodeia e exaspera, me incitando à luta. E não quero falar desta luta.

É sobre o amor. Crer na importância de falar dele. Desordenadamente. Abstendo-se das regras e dos cuidados estéticos que sempre me colocam medo. É o amor prosaico, que sobe do rés do chão, escala as paredes, brota no concreto cinza e desalmado da cidade. Que anima a cidade.

Crer no amor sem máscaras, sem rótulos, sem receitas para dias bons. No amor-essência que sempre está, sempre é. No amor-presente, inominável, inclassificável, sutil e singelo como só o nascer e o morrer do sol sabem ser.

Crer para salvar aquilo que quase matei em mim, o que sempre fui. Para continuar a ser e a caminhar. Crer para retomar a busca do amor que se metamorfoseia em pessoa, carne, ossos e alma.

É crença no amor que vem com a primavera, depois de curtos outonos e invernos longos.

Hoje em diante: do amor fazer armadura para os dias de luta, chuva para as tardes quentes, abrigo para as noites sem lua. E o mais importante: do amor fazer estrada que, não importando onde se cruza ou quando se bifurca, sempre leva ao mesmo fim.


(crédito da imagem:  "Medianeras: Buenos Aires en la era del amor virtual". Extraído de: http://www.popscreen.com/v/6ntEL/teaser-medianeras)

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