sábado, 9 de novembro de 2013

Montauk

Deu branco, se diz do que não lembra
palavras esquecidas (canções de ninar ao telefone)
choro entalado

Nuvens em céu claro: brancas
é o futuro que passa sem cair no chão
chuva dissipada pelos raios - brancos - do sol

Branco de roupas no varal
longínquas tardes em praça inventada
amizade aquecida pelo abraço alvo do tempo

Areia branca de neve em Montauk
sons espumosos no mar
vento acompanhando o amanhecer

set-light redondo sobre o rosto: branco
segundo-plano desfocado
ninguém vê o que se perde

Branco, fade-out demorado
prenúncio do fim ou de uma nova sequência
expectativa dentro do vaso vazio.

Enfim, branco da memória
luz dura incidindo sobre a cabeça
e o mundo todo é azul.

Carrego-as assim, as lembranças:
talhadas em geleiras eternas
brancas, alvas lacunas.

3 comentários:

Vinícius disse...

cine
mato
grafando

Lila Bric disse...

Lindo!
Achei muito puro e singelo...
Ainda por cima, reconstruí algumas lembranças esfumadas...brancas.

Parabéns!

Unknown disse...

Muito bom gosto..Linda canção..