terça-feira, 15 de outubro de 2013

Nota inconclusa sobre o que sou, o que somos

Pergunto-me já há um tempo se o que fazemos no campo das artes - este nós implícito é um imenso EU periférico - pode ser medido pela mesma régua com que se mede a dita arte produzida pela e para as elites. Não que um burguesinho não possa vir aqui apreciar um espetáculo da Cia. Humbalada e achá-lo interessantíssimo. Seu aporte de análise, sua régua seria a mesma utilizada para avaliar um músical Brodway ou uma peça dos Sátyros, compreendido os devidos campos de produção de um e outro espetáculo. Mas tal régua seria o melhor instrumento para avaliar uma produção não só marginal por ser produzida na periferia, por membros dela e para ela, e sim por se conceber, na relação discurso-estética, uma obra periférica?
"Antígona, a mulher marginal" me colocou a questão de forma mais evidente. Qualquer crítico poderá vê-la somente como teatro-performance. Quem é daqui, porém, tem uma porta a mais para acessá-la. E só quem entra, talvez, consiga de fato compreender a dimensão que este espetáculo tem.

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