terça-feira, 18 de agosto de 2015

Micro-crônica de um assassinato

Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
(Carlos Drummond de Andrade)



Houve um tempo em que estive feliz. Pouco mais de 365 dias de alegrias e certeza de chão. Fadas enfeitavam-me os sonhos: a parte de mim mais sólida e pura. Um dia o tempo virou. O solo converteu-se em areia movediça, e eu caía, afundava. Como âncoras amarradas aos meus pés, os sonhos não me deixavam subir. Debater-se não adiantava. Quietar só me faria sofrer menos. Situação-inseto, só uma solução. No corte, uma orquídea.

Continuo sonhando. Agora mais leve, sem horizontes. De enfeite: uma flor. Nela eu acredito.

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