domingo, 17 de agosto de 2014

A Deriva

barquinho que agora vaga no mar calmo passou por tempestade que pôs medo até em monstros abissais, daqui pra cá, dali pr'além, sem poder voltar, longe de porto de píer de cais, noites afora, dias adentro, grafite elas, eles cinza, molhados todos de lágrimas água e sal, e segue, e sangue, e segue aqui ali além, não aquém, fosse ser vivo, o barquinho, seria toupeira em terremoto, mar turvo, tons de negro e gris, por um nada se agita, e a tempestade foi das grandes que nunca ninguém viu, só relatos, marinheiros que aumentam e inventam.
agora é calma. o céu, anil infinito. a água, um grande espelho azul-sólido e eterno. os ventos esqueceram-se de batalhar: tiram um descanso na manhã que acorda ainda sonolenta. o sol é grande e amarelo, e sobe no céu como quem não tem nada a fazer a não ser olhar minucioso a paisagem. é mar. por todos os lados: mar. até onde a vista desiste de alcançar. sem nem sonho de areia branca ou colorida falésia. nada se mexe sob e sobre a superfície líquida. nem o barquinho. principalmente ele. o ar quente e tenso parece morto. e seu corpo pesa. pesa e mais imobiliza. o sol continua a lenta escalada. e nem ainda é meio-dia.



Um comentário:

Vany disse...

A imagem do barco a deriva me persegue há algum tempo... as vezes tempestade, as vezes calmaria, mas sempre azul para todos os lados...

Lindo...